Índices vegetativos facilitam dimensionar os problemas causados na lavoura após a geada e direcionar a tomada de decisões
As recentes geadas no Centro-Sul do país afetaram uma série de culturas, incluindo café, cana-de-açúcar, milho segunda safra e feijão. Diante dos prejuízos, até visíveis, mas difíceis de calcular, a tecnologia pode auxiliar o produtor na tomada de decisão de seguir adiante com a colheita ou abandonar a lavoura naquele ano. Leonardo Menegatti, CEO da InCeres, lembra que os danos causados às plantas pelas geadas têm diferentes níveis de severidade e que, muitas vezes, o prejuízo não é homogêneo no talhão, o que demanda a análise de índices vegetativos para traçar um quadro fiel da situação. Entre eles, o RGB e NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada), ferramentas que a InCeres disponibiliza a seus clientes. “Para o produtor que já investiu R$ 1 milhão em um talhão, é importante saber o quanto ele pode colher ali, o que vai ser determinante para decidir se investe em mais uma operação ou não. Se a colheita custar R$ 200 mil e ele for colher o equivalente a R$ 300 mil em grãos, a decisão é uma. Agora, se a colheita não cobre sequer o custo da operação, é outra”, diz Menegatti. Na cana-de-açúcar, por exemplo, a geada pode atacar apenas as folhas periféricas, as centrais, atacar o meristema apical (nesse caso, a planta morre) ou, ainda, congelar o colmo (impedindo novas brotações), o que as análises vegetativas apontam com confiabilidade, permitindo calcular o rendimento da lavoura. Menegatti afirma que os danos variam conforme a intensidade da geada, as condições ambientais após a geada e o comportamento das variedades cultivadas. Em outros anos, o diagnóstico da InCeres já foi usado, inclusive, para acionar o seguro agrícola e reportar sinistros nas lavouras. “Nossa ferramenta dá a medida do impacto do que acontece no campo e, por isso, serviu de base para as seguradoras”, diz Menegatti.
Resultados práticos
No caso do índice RGB, quanto mais verde o mapa da lavoura, maior a formação de biomassa. E, quanto mais vermelho, mais baixo o desenvolvimento vegetativo. Comparativamente, as duas imagens a seguir, demonstram a situação anterior e posterior à geada em uma lavoura de cana-de-açúcar no estado de São Paulo, fotografada em fevereiro e depois em julho.
Hoje, a InCeres processa informações de mais de 6 milhões de hectares de lavouras e impacta cerca de 60 mil agricultores. Está presente em 18 Estados brasileiros e no Paraguai.
Este texto foi originalmente publicado pelo AgTechGarage.news. Por Marina Salles
As geadas ocorridas no mês de julho de 2021 afetaram grande parte dos produtores da região centro-sul do país. Estas regiões já sofriam por fatores climáticos, pois enfrentaram neste ano uma seca prolongada que assolou as culturas e causou uma queda drástica nas produções.
A união da seca e, na sequência, duas grandes massas de ar polar com intensa geada trouxeram prejuízos bilionários para o campo (METSUL, 2021), pois as culturas já enfrentavam um longo estresse hídrico e não tiveram condições fisiológicas suficientes para enfrentar e reagir às geadas.
Os danos pela geada são causados pela ruptura das células dos tecidos que foram afetados, sendo que essa ruptura ocorre como consequência do congelamento do suco celular. Os danos variam conforme a intensidade da geada, as condições ambientais após a geada e o comportamento das variedades cultivadas.
A intensidade da geada depende do tempo que a temperatura permanece abaixo de zero. A partir daí, podemos ter injúrias simples, que vão desde uma simples queima de folha, até injúrias drásticas, que levam à morte da gema apical, das gemas laterais superiores e, até mesmo a morte de todas as gemas laterais (ASSOVALE, 2021).
Dentre todos os prejuízos causados aos mais diversos produtores e culturas podemos citar aqueles que produzem cana-de-açúcar, milho segunda safra, feijão, café e tantas outras. Estas culturas têm suas produções concentradas nas regiões afetadas pela geada e, por isso, o alto prejuízo em decorrência deste evento climático.
Tratando-se da produção de café, o Sul de Minas Gerais foi a região mais atingida pela geada no período citado, onde os prejuízos são descritos como os piores em 27 anos, desde a grande onda de frio de julho de 1994 (METSUL, 2021). A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) estima que até 30% da área total pode ter sofrido danos com a ocorrência da geada e destes, com 70% da cultura toda queimada.
“São danos que podem comprometer não apenas a safra do próximo ano mas, como muitas lavouras eram novas, também podem influenciar as produções de 2023 e 2024”, avaliou a o pesquisador da Epamig César Botelho.
As imagens abaixo ilustram parte dos danos causados a esta lavoura.
Na cana-de-açúcar, assim como
no café, os danos também variam conforme as condições climáticas locais e
cultivares utilizadas. Tem-se que para esta cultura, o estado de São Paulo produza
sozinho próximo de 60% de toda a cana-de-açúcar e etanol do país (CANA NOVA,
2018).
Apesar de benéfico para a
economia paulista, esta concentração da produção causou grande prejuízo ao
setor, pois, o estado foi quase que totalmente acometido pelas geadas deste ano
afetando fortemente sua produção. O mapa abaixo representa uma estimativa das
temperaturas mínimas em São Paulo no fim do mês de julho de 2021.
É possível observar que
quase todo o estado sofreu com temperaturas inferiores a 6°C, excluindo apenas
algumas áreas isoladas. Esta situação contribuiu para a formação de geadas que
afetaram fortemente as lavouras.
Os
agricultores sabem que os prejuízos deixados são imensos, mas como mensurá-los
para identificar as áreas mais afetadas?
Uma das opções é por meio das
análises de índices vegetativos, como RGB e NDVI (Índice de Vegetação por
Diferença Normalizada), ferramentas que a InCeres disponibiliza para seus
clientes.
Um meio prático de entender os
resultados do índice RGB é por meio da correlação com as cores obtidas após
processamento, sendo que, quanto mais verde, maior formação de biomassa e quanto
mais vermelho, maior a interferência do
solo, ou seja, baixo desenvolvimento vegetativo.
Apresentamos um caso onde foi
possível realizar um levantamento dos danos causados pelas últimas geadas numa
área de cana-de-açúcar no estado de São Paulo.
A figura abaixo representa o índice RGB desta área calculado no dia 21 de fevereiro de 2021, ou seja, em pleno desenvolvimento vegetativo e antes da ocorrência das geadas. Na imagem é possível observar bom desenvolvimento da cultura, pois a área está com alta proporção de verde.
Nesta mesma área foi realizado o processamento do mesmo índice RGB com dados de 16 de julho de 2021, ou seja, logo após o acontecimento das geadas no local, o resultado obtido é apresentado abaixo.
É possível observar o quão
devastadora foi a geada para a cana-de-açúcar neste talhão. Todo o índice que
era verde passa a ser identificado com tons de roxo, o que indica a morte do
meristema apical e, consequente, morte da cultura.
Outro dado passível de ser
analisado, como já citado, é o NDVI. De maneira prática, o NDVI mede a quantidade de reflectância das folhas
portanto, quanto mais verde a folha, maior sua reflectância e, através disso, é
possível analisar alguns parâmetros como nutrição de plantas (em especial pra o
Nitrogênio), sanidade de plantas, déficits hídricos, entre outros.
Na mesma área apresentada anteriormente, foi realizado o processamento deste índice nas duas datas citadas, 21de fevereiro de 2021 e 16 de julho de 2021, respectivamente. Os resultados obtidos são apresentados nas figuras abaixo:
Atentando-se aos resultados da legenda, observamos na figura 1 que a área apresentava um índice NDVI médio de 69,75 antes da geada e esse valor cai a 19,48 na figura 2, que representa a área após a geada. Esta queda drástica reflete a morte das partes verdes da cultura e a grande devastação no local.
Estes resultados comprovam o grande prejuízo causado à lavoura e essas informações devem ser levadas em conta no momento da tomada de decisão. Nesse caso é possível dizer que não há alternativa, a não ser realizar a colheita imediata no canavial.
Com as soluções da InCeres você
tem acesso a ferramentas que podem ajudá-lo a tomar decisões estratégicas para
sua lavoura, mesmo em circunstâncias extremas ou desfavoráveis.